Definitivo, como tudo o que é simples. A nossa dor não provém das coisas vividas, mas sim das coisas sonhadas e que não se cumpriram. Sofremos porquê? Porque automaticamente esquecemos o quão desfrutámos e passamos a sofrer pelas projecções "irrealizadas", por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido lado a lado e não conhecemos, por todos os concertos, livros e silêncio que gostaríamos ter partilhado e não partilhámos. Por todos o carinho, beijos e abraços cancelados,pelas noites de solidão que invade a nossa cama. Sofremos não porque o nosso trabalho é desgastante e mal pago ou por não sabermos se as muitas horas de estudo irão servir para alguma coisa, sofremos sim, por todas as horas que deixámos de ter juntos para ir à praia, ao cinema, ao bar... Sofremos não porque a nossa mãe é impaciente connosco mas por todos os momentos e segredos que poderíamos partilhar, se ela se mostrasse interessada em compreender-nos...

O melhor seria não sofrer tanto, apenas agradecer por termos conhecido esta gente que gerou em nós um sentimento intenso e nos acompanhou por um tempo razoável.

O desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência de não arriscar.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.


O meu dia hoje foi mau. E só me veio à cabeça uma coisa: a minha gente de Albufeira! Que saudades, fodasse!

Cristiana Correia, sempre vossa*