2.05.2009

Recordar Bucelas 2008...



Foi por volta das 7h da manhã, do dia
6 de Fevereiro de 2008, que a Policia recebeu um alerta. Um bando de jovens inocentes, inofensivos, tão queridinhos, tinha sido raptado por um INDIVIDUO. Não identificado até então.

Todos os dados que tinham sido apurados, tinham sido transmitidos por um pobre motorista da Câmara Municipal.

Segundo esse, o INDIVIDUO, levara um autocarro do município.

-Fiquei bastante amedrontado. Ameaçou-me com uma viola. Estava entre a espada e a parede. Ou lhe deixava levar o autocarro ou me habilitava a levar uma pancada de viola, coisa que não me agradava muito. Não sou muito de ouvir tocar guitarra, prefiro antes ouvir flauta. Deixei-o ir. Já estava ele longe, quando ouvi entre gargalhadas maléficas. “Finalmente! Finalmente vai dar-se o inicio da aventura SNIPER! MUAHAHAH!” A partir daí não sei o que possa ter acontecido…

Para onde se dirigiria ele? Seria ele levado pela sua insanidade mental?

Iniciou-se assim a maior investigação policial de todos os tempos. O processo “MARILÚ”!

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Pobres crianças, indefesas. Fechadas num autocarro, à já 2h e pouco. Sabiam para onde iam, já lhes tinha sido dito. Mas iriam fazer o quê para… Bucelas?

Ainda tentaram pedir ajuda a um senhor de uma empresa de reboques “O auto bigodes” que passara por eles. Não deu em nada, ele parecia estar mais interessado em ir depressa tomar o pequeno-almoço ao restaurante “O Pneus”.

O autocarro parou. Eram 10h por aí… Estavam no meio da serra. Olharam à sua volta, quando viram uma placa a dizer “Parque Aventura Sniper”.

- Okay… Julgo que está na altura de vos explicar tudo. Até agora vêem-me como o “mau”, que vos acabou de “raptar”. Mas não. Acabei de vos arrebanhar, não raptar, para uma missão. Uma missão devera importante. Uma missão de amor e carinho. Uma luta contra o stress da vida diária. Peço-vos apenas que confiem em mim.

Todas aquelas palavras, nem tempo tiveram para chegar ao cérebro. Todas aquelas peças estavam por encaixar.

De repente, chegam dois instrutores dando as boas vindas, dizendo que dentro de minutos iriam iniciar-se as actividades.

O grupo de jovens reuniu-se, e entre eles, tentaram perceber tudo o que se estava a passar. Se deveriam confiar e arriscar.

Palrearam até que chegaram a uma unanimidade. “Vamos partir à aventura. Também não temos nada a perder.”

E assim foi…

- Bom dia mais uma vez! Eu sou o Rúben, e aqui o meu colega é o Botelho. Iremos ser os vossos instrutores das actividades.

- Pentelho?- ouviu-se uma voz sussurrando confusa, sem saber o que tinha percebido ser o nome do instrutor.

- Pxiuu! Nada disso. Botelho! Não pentelho.

- Para começar, iremos fazer rappel. Rappel invertido. Passo a explicar. Esta actividade terá como objectivo a extracção das más energias. Ao estarem de cabeça para baixo tudo o que está de mau, tudo o que são maus pensamentos irão sair num abrir e fechar de olhos.- disse Rúben.

Todos se libertaram dos seus “demónios”.

Alguns dos jovens, deveriam estar já num ponto de exaustão, que ficaram tempo de mais “lá em cima”. Dificuldades de libertação? Talvez…

Seguiu-se o almoço. De tarde jogos colectivos, para uniformizar o grupo.

Fez-se noite. A noite do karaoke. “Porque quem canta, seus males espanta!

Cantaram e encantaram.

Estavam com pena de que aquele dia tivesse chegado ao fim. Foi um bom dia. Não estavam à espera que fosse assim.

Mas…

- Chegámos ao fim do primeiro dia SNIPER. Amanhã haverá mais. Boa noite.

- Mais? Então quanto tempo vamos ficar por cá?

- Hoje é quarta-feira. Ficaremos até Sábado, dia 9.

- Wooow! Até Sábado?!

- Sim. Ainda muitas actividades curativas vos esperam…

- Então teremos de ligar aos nossos pais. Devem estar preocupados.

- Não, ninguém vos iria compreender. Já estão todos contaminados pelo vírus do stress, do sedentarismo. Viriam logo a correr para vos buscar.

- Eles iriam compreender.

- Os adultos andam tão ocupados com a sua rotina, que se esquecem que também há momentos em que podemos sair da rotina e relaxar. Eles não compreenderiam que vieram para cá para vosso bem. Então se assim não fosse porque é que esta manhã, quando ia simplesmente pedir para um funcionário da Câmara Municipal nos trazer até cá, ele julgou que eu estava a roubar, que lhe acabara de ameaçar com a minha viola, “My precious one” e que era o “mau”? Aquelas mentes andam demasiado trágicas e negras.

- Não é possível. Isso é estar já num ponto que só se vê tristeza e maldade em sua volta. Mas assim, esperem… Se o senhor motorista ficou a pensar isso, e nós desaparecemos… Provavelmente já puseram a policia a investigar…

- Sim, é o mais provável. Mas eu não estou muito preocupado com isso. Não estou a fazer nada de mal. Estou a lutar apenas por aquilo em que acredito. Não se preocupem. Estão comigo, estão com Deus.

E assim terminou a conversa. Dirigiram-se para os dormitórios. Questões como “Será este, um enviado divino?” ou “O Messias desceu à terra?!” sobressaltavam os pensamentos de cada um.

Era manhã cedo quando uma guitarra cantava “Marilú, diz-me se és mesmo tu. Marilú deixa-me ir-te ao cu!”

- Toca a acordar! Bom dia! Preparados para mais um dia?! Vá, vamos lá. Despachem-se que o pequeno-almoço já está pronto!- dizia aquele pequeno ser de viola na mão.

Lá foram. Esperava-lhes uma orientação.

- Esta orientação terá como objectivo, uma busca de vocês próprios no grupo. Ou seja, terão de cooperar, e ao mesmo tempo, encontrar a raiz do vosso ser. - explicou Botelho.

E assim foi. Seguiu-se a orientação divina…

Mais tarde, e com a orientação já orientada, foi-lhes proposta uma nova tarefa.

- A proposta que vos fazemos agora, é a de aprenderem técnicas de táctica e defesa. Tudo isto com um marcador de paintball. Boa sorte e divirtam-se!- proferiu Rúben.

O grupo cada vez mais satisfeito, realizava cada proposta como se fosse a última. Queriam usufruir de tudo.

- Isto está a ser tão bom. Sinto-me mais “leve” e calma.- dizia alguém a um outro alguém.

- Hoje terminaremos o dia “a descer de uma forma molhada”. Ou seja, dentro de minutos, levarão o banho do Senhor, para quem não é baptizado, sê-lo-á. Para quem já é baptizado sê-lo-á novamente. Depois de isso seguir-se-á o “slide”. Compreendido? – perguntou Botelho.

- Sim. Mensagem recebida! – respondeu o grupo de jovens.

Enquanto isso, o INDIVIDUO, que agora já lhe pudemos chamar pelo nome, Mr. Frodo, sorria, vendo que o seu desejo estava a ser cumprido. Feliz por aquelas crianças estarem felizes…

Passou-se o terceiro dia. Nesse, lançaram-se, simulando um salto de pára-quedas, comeram com as mãos como javardos e bardajões… Simplesmente “quebraram as regras”.

Nessa noite, uma revelação surgiu. Alguém estava preso, preso num intestino. No meio de tanta libertação, de energias, uma prisão destas era como ver um quadro lindo desbotado.

O caso “Lelo”, foi um caso que se arrastou até ao fim do quarto dia. Tiveram de ter calma, porque a sua resolução era complexa. Estava dependente de várias condicionantes.

Sábado, dia 9. Quarto e último dia. A tristeza e a saudade sentiram-se na despedida cantada.

Teriam de partir. Voltar à civilização e deixar todos aqueles momentos bons.

- Vocês não deixarão estes dias para trás. Não fiquem assim. Estes dias ficarão para sempre na memória e irão acompanhar-vos para onde quer que vocês venham. – dizia Mr. Frodo numa voz terna.

Rumo ao Algarve… Como estaria a situação? Seria Mr. Frodo preso?

Impressionantemente tudo acabou em bem… Depois de verem todos aqueles meninos como “família”, calmos e serenos, perceberam que de facto o Messias tinha descido à terra.

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Obrigado. Obrigado pessoal, por quatro dias espantásticos. Deixaram saudade sim, porque “As coisas vulgares que há na vida não deixam saudade, só as lembranças que doem ou fazem sorrir. Há gente que fica na história, da história da gente…”

Um abraço e um beijo para uma geração colorida!


6 comentários:

Pica disse...

Um grande texto de uma grande mulher acerca de uma grande actividade com 18 grandes pessoas!...
O resto escreverei no meu post!...
LP

andré matos disse...

LINDO!

O ÓSCAR DE MELHOR ARGUMENTO É TEU!

:D

EpitaphA disse...

Ai meu deus.. Isto é mt grande para o meu intalecto.
É agora, vou ler, com fé!

EpitaphA disse...

Ok, tá lido.. devo acrescentar que um "marilú" acapella no fundo enquanto se lia este texto, vinha mesmo a calhar bem! =)

Mais adianto que encarregar-me-ei de fazer chegar este relato ao guest book do Sniper!

Hehehe! 4 dias que ficarão na memória da gente ;)

***

Unknown disse...

Boas pessoal de Albufeira!
Um ano ja se passou e continuo me sempre a lembrar do grupo atipico que passou pelo sniper.
Foi muito emocionante para mim relembrar aqueles 4 dias na vossa companhia. Como vos disse ha um ano, na altura que nos tavamos a despedir, mensionei que aquele tipo de trabalho nao se faz para ganhar dinheiro apenas, é preciso ter gosto n aquilo q se esta a fazer, pois a componente humana e social e bastante importante e quando verificamos um feed back positivo do outro lado, como o que verificamos no vosso grupo ficamos extremamente satisfeitos e motivados para vos proporcionar bons momentos.
Continuem unidos como fiquei habituado a ver vos e vao dando noticias, porque voces fazem bem à sociedade com esse espirito.
Abraços e Beijinhos para todos do monitor Botelho

Catarina Sá Borges disse...

Perfeito!

=D *