
Procuro a porta velha de fechadura abandonada e alvo de esquecimento depois de tantas chaves a terem massacrado. Anseio um portal mágico. Misturo-me no meio da multidão. Refugio-me no silêncio dos imortais. Escondo-me entre os gritos dos que julgam que a morte não existe. Somos todos iguais. Para quê tantos preconceitos, tantos tabus, tantas vergonhas. Porra! Quarenta criaturas, comigo. E outros tantos, a observar! De janelas com vista para melodias e sinfonias complexas. De paredes bordadas de algodão doce branco. Onde tenho os meus pés bem assentes naquele momento. Onde os meus passos, as minhas pegadas são carimbos de sangue derramado no passado, após muita mágoa, muito esforço, muito suor. Onde aquelas vozes sinistras e maquiavélicas que me invadiam nas noites de lua cheia, que diziam que não iria ser capaz, deixaram de se pronunciar e são agora alimento de um silêncio profundo. Mas lá do fundo, do fundo mesmo, ouço uma melodia secreta e arrepiante, mas tão perfeita. Tão fascinante. Algo flamejante que me rouba a visão e imediatamente ma entrega novamente, me rouba a alma e eleva-a, para junto das outras, unificando-se numa só. Algo me faz perder todos os sentidos, oferecendo-me uma sensação nova, que nem toda a gente se pode gabar de dizer que já sentiu, é a amizade entranhada nos poros da pele. Observo e analiso à minha volta e apercebo-me que estou numa acção sem princípio, nem fim. Vazia de muita coisa mas tão completa, apenas com um portal, aquele como via nos meus sonhos. Por entre respirações sufocantes e passos miudinhos, receosos, que pareciam adivinhar o futuro, entro pelo outro mundo a dentro. De repente esqueço-me de tudo e as cores desaparecem num flash rápido e alucinante. Mas nesse curto espaço de tempo, as cores voltam a ter cores e os meus olhos a ter vida. O ceú naquele momento, foi mesmo feito só para nós. Não! Não foi um sonho, mas sim, estou em cima de um enorme palco de soalho gasto e indecente, por cima dum tapete ainda com cheiro a novo, sinto que o domino, sinto que faz parte de mim, sinto que tudo faz parte de mim. 8 minutos. Acabou. E agora, estou sentada numa cadeira de veludo, neste quarto que é meu há menos de um mês, espreitando do meu 3ºandar, por entre as cortinas vermelhas, as pessoas (são pessoas?) que passam e não sentem, e os meus dedos navegam sobre um mar de teclas, numa máquina feita de amor e ambições. Sem ninguém, sem plateia, sem cortinas que microfones que anunciam o nosso nome, sem aplausos, sem assobios, sem criticas nem elogios, apenas na presença daqueles que de imortais ficaram! Onde percebo que aqueles 8 chegaram para dizer que valeu a pena viver. E por isso, não posso fazer outra coisa, senão render-me a vocês. Aquela melodia arrepiante. Aquela sinfonia complexa.
(é duro saber que na vida nada se repete, mas é o que torna instantes como estes tão, tão.... (sabem?))
Ainda hoje sonho com este dia.
Beijo, da vossa p*** dos cem euros.
3 comentários:
Opa lindo..não há mesmo palavras..espectáculo! esse sentimento que escreveste é o reflexo de muitos de nós, sem dúvida.
força Cristiana, força a todos :) é para isto que os amigos servem
beijinhos^^
Dás.me ganzias.
Meu amore, está tão, tão...LINDO, ESPECTACULAR!! Não há palavras que descrevam o quanto este texto me tocou, é tão real, tão sentido!!
Força Linda, sabes que estarei sempre contigo para o que precisares ou não...
Beijinho*
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