Sabes aquela sensação que se tem quando estás muito próximo de realizar um dos maiores sonhos da tua vida, no fundo, o sonho que te fez caminhar durante praticamente todo o teu percurso de vida? E quando depois de anos e anos de espera, finalmente chega o momento e tens medo de falhar. Quando realmente te apercebes que estás prestes a pisar o risco. O risco que te leva ao sonho e que te pode levar onde queres. Quando estás mesmo, mesmo, mesmo perto e olhas para trás, para tudo, para o mundo que construiste e tens medo. E aí, pensas em desistir. Porque tens medo do que vem, tens medo da desilusão. Porque podes falhar. Porque não queres mesmo que o tempo vá apagar lembranças. Porque queres agarrar estes tempos e nunca mais largar. Porque não queres mudar de morada, nem deixar de entrar para aquele pavilhão e rebolares que nem um cão no tapete azul e deixares de ter aqueles pelinhos na tua roupa, que a tua mãe tanto refilava por serem tão dificeis de sair. Porque não queres deixar as sabrinas já meio rotas e pintadas de preto com o spray dos chineses no armário, nem de ver aquelas pessoas. Porque sentes a necessidade de estar com elas, a tempo inteiro. Pensas em desistir de todas as viagens, de todos os esforços e ficar quieta. Parada, a reviver. É assim que têm sido os meus últimos dias.

Mas mesmo assim continuas, porque ouves as suas vozes, mesmo tão longe de ti, porque sabes, porque vês nessas pessoas um porto de abrigo, um sitio que vale sempre a pena voltar. Sim, são os amigos.